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Quem viver, viverá

Eu parei em algum ponto do caminho e deixei meus grampos de cabelo. Algumas anotações, todos os esmaltes e maquiagens, várias roupas e sapatos, alguns sonhos e também umas vontades que podiam esperar.. acho que deixei um pé de manga rosa também. Larguei tudo debaixo de um abacateiro, pra ver se me pesava menos a mochila. Fui colocando areia no lugar. Areia, areia, areia, até não caber mais - e aí eu tirava mais coisas e botava mais areia.  O destino era um só: água. Pensei: se eu caminhar o suficiente e carregar areia o suficiente, eventualmente, vou encontrar água e conseguir construir meu castelo.  O problema de carregar areia por muito tempo no sol quente é que ela pesa, e você não pode se dar luxo de parar um pouco pra descansar, porque quanto mais velho você fica, menos força você tem pra carregar a vida nas costas. Então eu segui caminhando por dias, meses, anos, com a minha areia, na certeza da água. Algumas pedras no caminho eu aproveitei, pensando que poderiam servir na minha